segunda-feira, 9 de setembro de 2013

“Eu sou um mistério para mim.”

 —      Clarice Lispector     

“Mesmo que meus dias não estejam bom, eu faço de tudo para te fazer feliz.”

—      Maybe, this is love.  

“O amor é frágil. E nem sempre cuidamos dele muito bem. A gente se vira e faz o melhor que pode, e torcemos para que esta coisa frágil, sobreviva apesar de tudo.”

 —      A Última Música.

MANO, CHOREI MUITO :'(...

Você não podia ter ido embora desse jeito, você me faz tanta falta. Sinto falta até das suas implicâncias, logo eu que reclamava tanto contigo, vivia te chamando de chato e dizendo que essas brincadeiras não tinham graça nenhuma. Agora aqui estou eu, chorando enquanto olho nossas fotos e sentindo falta até disso. De vez em quando me pego parada olhando para tela do meu celular, com a esperança de que chegue uma simples mensagem sua. Mas é tudo em vão, porque eu sei que essa mensagem nunca chegará. Era tão bom passar o dia inteirinho conversando contigo, nós podíamos até não ter assunto, mas sempre arrumávamos algo para conversar. O que na maioria das vezes era simplesmente uma coisinha boba que havia acontecido durante o nosso dia. Foi durante essas conversar rotineiras que nós trassamos toda a nossa vida juntos. Teríamos nossos filhos e vários cachorrinhos correndo pela casa enquanto brincam com as crianças. Exatamente do jeitinho que qualquer casal sonha em viver. Chegamos até a escolher o nome para os nossos filhos, nós dois concordamos em ter um casal. A escolha não foi nada fácil, você sempre foi muito do contra e nunca concordava com os nomes que eu sugeria. Depois de muito tempo conseguimos decidir, ficou combinado que os nossos filhos se chamariam Anne e Pietro. O nome da menina foi escolhido por mim e o do menino por você, foi a única solução para aquele impasse todo. Eu também me lembro que seu sonho era conhecer Londres, te prometi que iriamos realizar seu sonho juntos. Você já tinha todo o roteiro de viagem traçado na mente, iriamos conhecer o Big Ben, a London Eye e muitos outros lugares que você não me cansava de dizer que eram simplesmente mágicos. Era só tocarmos no assunto da viagem que seus olhinhos brilhavam de felicidade, porque finalmente seu grande sonho seria realizado. Mas de uma hora para outra todo aquele encanto acabou, você ficava cada vez mais estranho e distante de mim, eu não conseguia entender o motivo. Eu vivia te perguntando o que estava acontecendo e você nunca me falava a verdade. Era sempre a mesma resposta: ”Não é nada amor, é só cisma sua”. Até que um dia te peguei conversando com a minha mãe no telefone, me lembro muito bem das suas palavras: ”Eu sei dona Ana, não posso mais esconder dela que estou doente, mas eu não sei como contar. Ela está tão feliz com tudo que tem acontecido em nossas vidas, eu não quero estragar tudo”. Eu não sabia ao certo que doença você tinha, só que pude perceber pelo modo como ele falava que a coisa era grave. Foi como se um buraco enorme tivesse sido aberto abaixo de mim, eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de escutar. Esperei você terminar a conversa com a minha mãe e fui para o nossos quarto esperar por você. Após alguns minutos você entra no quarto e eu peço para que você se sente ao meu lado. Mesmo sem entender o porque, você se senta ali e eu vou logo falando: ”Eu te ouvi conversando com a mamãe, você não podia me esconder nada disso!”. Você não sabia o que dizer, ficou parado olhando para mim por algum tempo, respirou fundo e falou: ”Não foi fácil para mim ouvir o que o médico tinha a me dizer, e também não seria nada fácil te contar. Eu estaria acabando com todos os nossos planos e sonhos. Você tem noção de como isso me dói?”. Conversamos por mais algum tempo e você me disse que havia descoberto a doença a pouco tempo e que só estava esperando a hora certa para poder me contar. Não acho há hora certa para alguém receber uma notícia dessa, seja a hora que for, o choque não vai doer menos. Por fim você tomou coragem e me disse ao certo o que tinha, você estava com um tumor cerebral e não teria muitos meses de vida, pois havia descoberto tarde demais. Eu fiquei paralisada ao ouvir tal notícia, eu não podia aceitar isso. Por que logo com você? Nós estávamos tão felizes. Cai no choro logo em seguida, eu gritava várias vezes que isso não era justo e que eu não deixaria nada te tirar de mim. Você só me abraçava e dizia que tudo ficaria bem. Lutamos juntos pela sua vida durante 1 mês e meio, e em momento nenhum deixamos de sorrir. Mas foi no dia 03 de dezembro em uma manhã de quarta-feira, que eu tive a minha ultima conversa contigo. Você me chamou e eu fui para ao lado de sua cama, perguntei se você estava precisando de algo e você me disse: ”Não, eu só quero que você se deite aqui comigo”. Fiz o que você pediu, não perguntei nada, só deitei ao seu lado e fiquei ali te olhando. Você acariciava meus cabelos e ficamos assim por alguns minutos, você me fazendo carinho e eu com os olhos fechados só aproveitando cada minuto daquele momento, sentindo a tranquilidade e o aconchego que seu toque me trazia. Acabei pegando no sono, quando acordei olhei para o lado e você ainda estava dormindo, te chamei algumas vezes mas você não acordava de jeito nenhum. Comecei me desesperar, te chamava cada vez mais alto e te balançava, mas nada fazia com que você despertasse. Saí correndo do quarto e fui para o corredor do hospital, chamei uma enfermeira e ela foi logo entrando no quarto e indo até você. Não consigo nem me lembrar do jeito triste que ela me olhou naquela hora sem que doa tudo aqui dentro de mim. Ela se aproximou de mim, repousou as mãos nos meus ombros e disse: ”Eu sinto muito senhora, não há mais nada que possamos fazer para salva-lo”. Minha ficha não caia, fiquei ali parada olhando para ela sem conseguir dizer uma só palavra. Quando consegui organizar meus pensamentos, caí
no chão de joelhos e comecei a chorar feito louca. Não conseguia suportar a dor que eu estava sentindo, a minha maior vontade era poder arrancar meu coração de dentro do peito e joga-lo fora. O fato era: Você não estava mais aqui comigo e não voltaria nunca mais. Eu não conseguia aceitar aquilo, nós lutamos tanto para nada? Como pode isso? Isso não está certo! Passei várias noites sem conseguir pregar os olhos, só conseguia lembrar das nossas conversas e de todos os planos que pretendíamos concretizar. Hoje me sinto um pouco melhor, mas sei que essa dor aqui dentro nunca passará, no máximo irá amenizar um pouco. Sei que você ainda cuida de mim, te sinto aqui comigo nesse exato momento. Um dia te encontrarei aí onde você está, e sei que você vai estar me esperando de braços abertos. Um amor como o nosso não se acaba, mesmo que um de nós tenha ido embora dessa vida. Nosso amor não é mais um desses ”amorzinhos de hoje em dia”, nosso amor é diferente. É um amor que vai além da vida.
—  Victória Braga.

“O que poderia ser uma nova história, não passou da continuação de algum capítulo enrolado e chato. Então quem sabe um dia. Vou continuar esperando alguma coisa dos meus dias, rezando contra essa minha inércia. Os dias vão passar, mas não vou me esquecer de ainda querer escutar aquele riso.”

 —      Gabito Nunes.